Marilyn Contardi - Lendo poemas

 


Sentei-me a ler os poemas,

o mate na mão ainda fresco.   (Nota: mate, bebida como chá, Argentina, terra da autora.)


De repente o vento abre a janela

e distrai-me, e eu levanto-me a fechá-la.


A gata, insistindo, obriga-me entretanto

a abrir-lhe a porta. A corrente

de ar arremoinha-me os pensamentos

e as folhas do livro,

ficando tudo novamente misturado e confuso.


Um par de borboletas brancas

voa por cima da hera.


Não deixo de olhar para elas,

não vá surgir do vaivém das suas asas,

novamente, o fio dos meus pensamentos

dispersos.

 

  Leyendo Poemas


Me he sentado a leer los poemas

el mate recién preparado en la mano.


De golpe el viento abre la ventana

y me distrae. Me levanto a cerrarla.


Insistiendo, la gata me llevó recién

a abrirle la puerta. La corriente

de aire arremolina mis pensamientos

y las hojas del libro,

todo está de nuevo mezclado y confuso.


Una pareja de mariposas blancas

vuela sobre la hiedra.


No dejo de mirarlas, no sea que

del vaivén de sus alas surja

de nuevo el hilo de mis pensamientos

dispersos.


      Por vezes, não precisamos de poesia lida, mas a que acontece em volta. Quando o olho informa o cérebro e o coração da existência de algo belo, misterioso e sacro, os versos transformam devagar o terrorismo da rotina.


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