Golgona Anghel

 

O desinteresse acumula-se à minha volta

como as camadas seculares

no tronco de uma sequóia.

Fico imune a queixinhas.

Lavo sozinho a minha roupa.

A minha língua está a ganhar uma espessura lenhosa.

No lugar do grito,

uma greta.

Mãos nos bolsos,

bico calado.

Evito vitrinas e espelhos.

Tenho medo que a verdade

me possa desfigurar o rosto.


in, Como uma Flor de Plástico na Montra de um Talho


  O amor, Sra. Golgona, é maior que a verdade. 


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