David Mourão-Ferreira - Folha

 

Sou como aquela folha – olha –

naquele ramo nu, que ainda um prodígio

mantém presa.


Nega-me, pois. De tal não entristeça

a bela idade que te dá essa cor ansiosa

e em mim só se demora num ímpeto infantil.


Dize-me tu adeus, se pela minha parte o não consigo.

Morrer é nada; perder-te é que é difícil.


in, Mediterranee, 1946


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