Tenho
31 anos e estou cansado.
Todos
os sítios me vão parecendo, finalmente,
igualmente
maus.
Todas
as pessoas, incluindo as que gostam de mim,
insuportáveis.
Não
encontro sentido nem para o que faço
nem
para as coisas que deixo por fazer.
Olho
para os outros
com
a absoluta certeza de quem vê
não
semelhantes,
serenos,
resignados, envilecidos extraterrestres.
Olho
para mim
e
sinto-me como se não tivesse outros com quem partilhar.
Para
onde quer que eu olhe,
a
insuportável mentira que faz ninho, germina, destila
este
tempo, este país, este modo de viver
a
que chamam
progressista,
tolerante, solidário, democrático,
avançado,
europeu, e melhor e melhor
que
todos os existidos,
que
todos os possíveis.
Este
modo de viver
onde
falta tudo o que foi nomeado.
Que
desfez a classe trabalhadora sem uma única bala,
que
encarcerou as consciências sem uma única grade,
que
me afasta sem um único cassetete,
que
me exclui sem um ferro candente,
sem
sequer uma estrela amarela na lapela.
Este
tempo de fatos novos,
de Imperadores.
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