Manuel Gusmão - Conheci um jovem

 


Conheci um jovem que me dói às vezes,

um pouco, no futuro. e não tenho amigas.

perco-me nelas, desentendo-me ao ponto

de já não estar ali e de correr depois

pela coberta dos navios, pelas pontes,

pelas praias onde a neve cai.


Tenho o doce do teu sangue alastrando

em pasta, nuvens pesadas no céu da

boca. Se eu não te morresse como estarias tu

Crescendo, meu querido amigo,

                    e u é?


E essa que me chamas é ainda já

a outra, a escura floresta

                           e selvagem


e áspera e forte

que conheço de se tocarem as pétalas

               na paixão?


  in, Dois sóis, a rosa


      O que me quer dizer sr. Manuel? A areia cai no vidro, eu sei. O tempo que resta é pouco. É tão bom ler "desentendo-me ao ponto de já não estar ali e de correr depois pela coberta dos navios", também lá andei e guardo a memória. Obrigado.


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