Às
vezes eu, 20 anos,
o
espelho limpo,
meus
olhos sempre debaixo do poço dos verbos.
Às
vezes eu, bebendo pássaros.
(Aos
golinhos e no ângulo mais escuro da noite)
Sempre
eu e para compensar dividida,
crescendo.
(Menina/
Mulher/ Leopardo/ Bata de trazer por casa/
Pedacinho
de papel das formigas)
Às
vezes eu, 20, 40 anos,
meus
olhos caminhando sem mim numa rua de dois sentidos.
Às
vezes eu,
numa
curva das minhas fotos.
Aos
50 anos,
fechando
os olhos diante do espelho,
abrindo
a jaula aos meus pássaros.
O poema explora a vulnerabilidade humana diante da dor e da
ausência. A noite funciona como metáfora de um espaço interno onde emoções
intensas se condensam. A voz poética enfrenta silêncios, memórias e feridas que
retornam no escuro. Há tensão entre desejo de luz e permanência na sombra,
revelando um conflito entre rendição e resistência. O poema enfatiza
intimidade, solidão e a procura por sentido no caos emocional.

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