Ainda
não
não
há dinheiro para partir de vez
não
há espaço de mais para ficar
ainda
não se pode abrir uma veia
e
morrer antes de alguém chegar
ainda
não há uma flor na boca
para
os poetas que estão aqui de passagem
e
outra escarlate na alma
para
os postos à margem
ainda
não há nada no pulmão direito
ainda
não se respira como devia ser
ainda
não é por isso que choramos às vezes
e
que outras somos heróis a valer
ainda
não é a pátria que é uma maçada
nem
estar deste lado que custa a cabeça
ainda
não há uma escada e outra escada depois
para
descer à frente de quem quer que desça
ainda
não há camas só para pesadelos
ainda
não se ama só no chão
ainda
não há uma granada
ainda não há um coração.
Se ainda não morreu Sr. António, se a carne da sua mão não cheira a defunto, não tenha só esperança, lute.
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