Marta López Vilar - Transformação

 

Nenhuma pegada resta já sobre a neve.

Tão pouco sobrará o frio quando lhe der o sol

para a fazer em água, que doerá nos lábios, de tão pura.


E eu hei-de bebê-la.


A luz matará esta recordação branca.

Não será o mar nem o chumbo escuro da noite,

mas o corpo desnudo da aurora,

cada dia.

Não ficarão sequer as sombras

e tudo levará o rio lentamente,

limpo de nomes e de lama,

e nem eu saberei quem sou

quando anoitecer.


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