Marta López Vilar - O dia dos regressos

 

Todas as manhãs esperava o teu regresso,

via as aves invisíveis que te anunciavam

lá do porto silencioso da memória.


O dia do regresso era um lugar vazio de luz,

uma palavra que dormia na sombra

que te esperava sem nome.


Mas nunca vi chegar as aves nem os barcos.

Senti só o tacto cinzento da espera

a descer as horas,

a abraçar-te o corpo.

Exilar a vida, lentamente,

em cada onda a que se confessam

aqueles que mataram.


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