Maria do Rosário Pedreira - Olho-te e não me vês

 


Olho-te e não me vês. A primavera vigia

a floração das malvas e o girassol retribui

os favores da luz. Eu sento-me onde acho

 

que vai estar a tua sombra. E, como a dor

que persegue a ferida, vejo-te quando passas,

mas vejo-te melhor quando não passas. Tu

 

não me vês; caminhas na geometria vã de

uma linha sem pontos; às vezes parece que

alguma coisa te detém e viras-te - talvez

então me chames dentro de ti, talvez até

me olhes. Mas não me vês.


      Quantas vezes estamos dentro dos amores antigos, Sra. Maria? E, eles não nos veem.


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