Nuno Júdice - Hoje

 


Hoje, perguntando onde estás, e o

que fazes, ouço as palavras tristes

da solidão que me responde, sem

nada me dizer, ao dizer-me tudo.


O que fazes e onde estás, pergunto

ao silêncio que me deixaste; e ouço

em mim a resposta, num eco que

vem de ti, perguntando por mim.


E neste espelho que entre mim e ti

a ausência constrói, outro espelho

reflecte o vazio da sua imagem, até


esse infinito em que a minha pergunta

te responde, para que me devolvas

o eco em que as nossas vozes se juntam.


      Amar depois de amar porque este verbo não se conjuga no passado, quer o pretérito tenha sido perfeito ou imperfeito.


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