Ulla Hahn
O tempo dos grandes gestos foi-se e não voltará
os braços estão cansados de abrir e fechar
ledas ou tristes madrugadas tanto dá
o tempo dos grandes gestos foi-se e não voltará.
O tempo dos vinhos doces foi-se e não voltará
está rolhado o paraíso. Quem me beber
o sangue em chumbo lhe coagulará
o tempo dos vinhos doces foi-se e não voltará.
O tempo dos pedestais foi-se e não voltará
esclerosada a estátua de mármore. Sobre as veias
da testa a erva como feno crescerá
o tempo dos pedestais foi-se e não voltará.
in, A sede entre os limites
Ulla Hahn, poetisa alemã nascida em 1946, reconhece aqui as consequências da passagem do tempo para cada um de nós. Não para a História, porque aí tudo há-de continuar.
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