Miroslav Holub

Só amamos
aquilo que amamos em vão.


Tenta outra estação de rádio
quando dez tiverem falhado, 
toma duzentos coelhos
quando cem tiverem morrido:
só isso é ciência.

Perguntas o segredo.
Tem um só nome:
de novo.

No fim
um cão traz nas mandíbulas
a sua imagem na água,
pessoas fixam a lua nova,
amo-te.

Como cariátides
os nossos braços erguidos
seguram o peso de granito do mundo


e derrotados
venceremos sempre.

      O segredo é continuar a tentar de novo sem nunca chegar, para preservar o mistério antigo. É nesse lugar tão poucas vezes sereno que se encontra a esperança e a fé. O poeta checo Miroslav Holub é parecido com o nosso António Gedeão, sendo imunologista de estudo e profissão, faz com que o seu saber cientifico faça parte também da sua ars poetica.   

Sem comentários:

Arquivo do blogue