Nuno Moura

Já um dia te matei.
foi com um caderno de trabalhos manuais
queimado.
trinta anos para te fazer dois furos
e arquivar-te com os essenciais da semana
no saco que a dona cristina nossa senhora porteira
entregou a um homem que veio num camião
grande.
em qualquer momento me rio
quando ouço nas outras celas 
comentários à cenografia do maçarico.


in, A Nova Asmática Portuguesa

      Cada ser humano mata o passado à sua maneira. Apenas um pequeno grupo o vai gerindo, relembrando com tristeza, o "camião grande" e a construção das paredes. 

Sem comentários:

Arquivo do blogue