Carmen Martín Gaite - Beco sem saída



Já sei que não há saída,

mas deixai-me ir por aqui,

não me peçais para voltar.

Cravaram-se-me os olhos

e a carne,

e não posso voltar,

e não quero voltar.

Não me griteis que não há

saída,

julgando que eu não oiço,

que não entendo.

Vossas vozes tropeçam-me na crosta

e caem como cascas,

que eu piso ao andar.

Avanço sozinha e alegre

na exata manhã

pelo meu próprio caminho

que encontrei

embora não haja saída.


      Talvez o Natal seja apenas um tempo desesperado de beleza poética, um tempo de fintar a razão e destino humano.


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