Num
belo dia, teria eu onze anos, o professor disse a meu pai:
- O
rapaz está pronto. Já sabe ler, escrever, fazer as operações e já na semana
passada fez o último problema. Já pode mandá-lo para caixeiro.
Na
época, o maior grau de sapiência era saber resolver o último problema. O
problema era de arrepiar, mas a ciência que a tabuada nos oferecia abria -nos o
caminho.
O
professor, elucidando-nos, dizia:
- A
tonelada tem treze quintais e meio...
E
logo todos nós em coro respondíamos:
- O
quintal tem quatro arrobas; a arroba, trinta e dois arrateis; o arratel, quatro
quartas; a quarta, quatro onças; a onça, oito oitavas; a oitava, três
escrúpulos e o escrúpulo, vinte e quatro grãos de trigo seco.
-
Ora, tornava o senhor mestre, como cada formiga pode elevar ao cimo da torre um
grão de bico?
Não
era preciso mais nada. Esta elucidação era como um raio de luz que entrava nas
nossas cabeças e íamos logo lestos resolver o problema, enchendo um papel com
multiplicações, indo depois, triunfantes, mostrar ao professor.
A
partir desse momento, estávamos aptos a entrar na luta pela vida!
Francisco Serrano
Sem comentários:
Enviar um comentário