"Sempre ouvi que quem menos tem, muitas vezes, é quem mais dá. Agora, já não é só algo que escuto—eu vejo. Vejo que são aqueles a quem a vida negou o sorriso que oferecem o mais belo sorriso a quem cruzam. São os que mais foram ignorados pela vida que estendem as mãos àqueles cujos braços já não aguentam o peso da jornada. Os mais castigados são os primeiros a perdoar. Aqueles que a vida mais tentou ferir são os que aliviam a dor dos outros. E quem não foi amado como merecia, ama com uma intensidade que transcende qualquer medida. Percebo que só compreende verdadeiramente a vida quem teve que enfrentá-la de peito aberto, sem amparo. Na dor pequena não cabe a grande, mas na grande cabem todas as dores do mundo."
A autora do texto é doutorada em Estudos de Tradução e mestre em Linguística Portuguesa. É docente de Português há mais de trinta anos. Atualmente, é diretora do Agrupamento Padre José Augusto da Fonseca, em Aguiar da Beira. Quanto ao texto, quem sofre entende melhor a água do rio.
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