Pedro Eiras

 


A sociedade não pode despedir a poesia, a poesia é que pode despedir a sociedade.


      in, A Lenta Volúpia de Cair.


4 comentários:

Anónimo disse...

Tanta palavra por metro quadrado!
Tanta poesia!
Tanta música!
Tanta sociedade!
Tudo descartável, tudo consumível, tudo mastigável, tudo transformado em merda.
E quase todos a correr por todas as coisas, lojas, estradas, shoppings, palavras, versos e versos, versos.

Proponho menos poesia, deixemos aos outros o consumo de palavras, canções, carros, coisas, coisas. E tantos versos tornam-se coisas que se devoram e nada provocam.

Menos poesia, melhor poesia. Menos quantidade, mais qualidade.

Um poema pode demorar meses a fazer o percurso interior da alma. Deixemo-lo andar devagar cá dentro.

António de Figueiredo Nunes disse...

O Joseph Haydn escreveu 106 sinfonias, o Camilo 260 livros, a Amália gravou 476 fados. Quantos quadros pintou Chagall? Há os prolíferos. Eu não passo um dia sem alguns versinhos: os que escrevo e os que vou encontrando. Mas, acredite que também tenho o meu lado minimalista. E é enorme.

Anónimo disse...

Todos os nomes apontados foram criadores. Não me referia a eles.
Mas aos consumidores de tudo, até de versos que se mastigam e se esquecem de imediato.
É aqui que está a questão.
Mesmo para um bloguista: menos versos por dia, para que cada poema possa respirar longamente, valer por si, penetrar no coração do leitor, contaminando-o de poesia, reflexão, sentimento, meditação.
Esqueça os leitores apressados, consumidores de palavras.
O seu blog merece.
É bom reencontrar o mesmo bom poema, uma, duas, sete vezes. Se não eis que se perde na floresta da mediocridade de tantos.
É difícil de entender?
Ou vale tudo para agarrar todos os visitantes do blog? Fique com meia dúzia, mas que nunca se esquecerão do poema que os encantou e não apenas que leram a correr.

António de Figueiredo Nunes disse...

Acredite que há quem leia 3 livros por mês; um amigo meu diz "A film a day keeps the doctor away"; outros têm centenas de CDs na estante e vão ouvindo; outros veem 3 jogos de futebol por semana; há jovens com dúzias de jogos de computador; há homens que fazem amor com várias mulheres e mulheres com vários homens. O homem vitruviano do Leonardo da Vinci tinha vários braços e várias pernas, não há nada que trave o homem moderno, ele quer morrer cheio. O consumismo cria postos de trabalho, endivide-se ao banco. O Grito de Edvard Munch nunca foi pintado.

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