Deus fala a cada um só antes de o fazer.
Então sai calado, com ele para fora da noite.
As palavras, porém, antes que cada um comece,
essas palavras nubladas, são:
Enviado pelos teus sentidos,
vai até ao limite da tua saudade;
dá-me roupagens.
Atrás das coisas cresce como incêndio,
que as suas sombras dilatadas
me cubram sempre todo.
Deixa que tudo te aconteça: beleza e pavor.
Só é preciso andar: nenhum sentimento é mais longínquo.
Não te deixes apartar de mim.
É perto a terra
a que chamam vida.
Hás-de reconhecê-la
pela sua gravidade.
Dá-me a tua mão.
A
tradução é de Paulo Quintela. O poema é dominado pelo primeiro verso e é sobre um
Deus não interventivo, que acaba por ser sempre interventivo na vida de cada um.
Sem comentários:
Enviar um comentário