Mário Dionísio - Quase

 


Uma mulher quase nova

com um vestido quase branco

numa tarde quase clara

com os olhos quase secos

 

vem e quase estende os dedos

ao sonho quase possível

quase fresca se liberta

do desespero quase morto

 

quase harmónica corrida

enche o espaço quase alegre

de cabelos quase soltos

transparente quase solta

 

o riso quase bastante

quase músculo florido

deste instante quase novo

quase vivo quase agora.


      A incompletude num julgamento externo. A condição humana até Lhe vermos a face.

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