Cecília Meireles - Desenho











Traça a reta e a curva,

a quebrada e a sinuosa.

Tudo é preciso.

De tudo viverás.

 

Cuida com exatidão da perpendicular

e das paralelas perfeitas.

Com apurado rigor.

Sem esquadro, sem nível, sem fio de prumo,

traçarás perspectivas, projetarás estruturas.

Número, ritmo, distância, dimensão.

Tens os teus olhos, o teu pulso, a tua memória.

 

Construirás os labirintos impermanentes

que sucessivamente habitarás.

 

Todos os dias estarás refazendo o teu desenho.

Não te fatigues logo. Tens trabalho para toda a vida.

E nem para o teu sepulcro terás a medida certa.

 

Somos sempre um pouco menos do que pensávamos.

Raramente, um pouco mais.


      É um poema bonito. Versos que descrevem o nosso esforço na vida, na ciência, no progresso dentro dos limites da nossa condição.

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