Lya Luft

 

O sonho na prateleira

me olha com o seu ar

de boneco quebrado.

Paro diante dele muitas vezes,

e sorrimos um para o outro,

cúmplices de tantos desastres.

Quando o tomo nos braços,

como as bonecas, tão antigamente,

para ver se tem conserto ou fica

onde está,

dentro dele ainda bate

um pequeno tambor obstinado:

e marca, timidamente,

um ritmo paralelo nos meus passos.

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