É lamentável como me
erro continuamente. Em mim e entre os mais.
Eu fiquei sempre, nunca
fui – mesmo quando me perdi.
Às vezes ainda me decido
a partir. E parto. Mas nunca venço seguir. Se não é por culpa minha – é por
culpa dos outros, que me acenaram.
É que eles, se me
acenaram, foi por julgarem que eu nunca os seguiria – foi para sofrerem. E como
afinal parti atrás dos seus gestos, desencantaram-se de mim, fugiram
escarnecendo-me.
Tombei-lhes.
Tombei-lhes.
Só me é permitido ser
feliz, não o sendo.
É inacreditável!
Quase todos se contentam
consigo próprios – bastam-se. E vivem, e progridem. Fundam lares. Há quem os
beije.
Que náusea! Que náusea!
Não se ter ao menos o génio de se querer ter génio!... Miseráveis!
Mário de Sá-Carneiro in, Céu em Fogo
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