«Aquele que fracassa na
sociedade neoliberal do rendimento responsabiliza-se a si próprio e
envergonha-se, em vez de pôr em questão a sociedade ou o sistema. É aqui que
reside a inteligência característica do regime neoliberal. Não permite que
surja resistência alguma frente ao sistema. No regime da exploração de outrem,
pelo contrário, é possível que os explorados se solidarizem e se levantem
unidos contra o explorador. É precisamente nesta lógica que se baseia a ideia
de Marx da "ditadura do proletariado". Todavia, trata-se de uma lógica que
pressupõe relações de dominação repressivas. No regime neoliberal da
autoexploração, cada um orienta a agressão em direção a si próprio. Esta
autoagressão transforma o explorado, não em revolucionário, mas em depressivo.
Já não trabalhamos para as nossas necessidades, mas para o capital. O capital
engendra as suas próprias necessidades, que, erradamente, percebemos como
próprias. O capital representa uma nova transcendência, uma nova forma de
subjetivação.
Byung-Chul Han in,
Psicopolítica – Neoliberalismo e novas técnicas de poder.
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