Isabelle não apreciava o prazer, mas
Esther não gostava do amor, não queria apaixonar-se, rejeitava este
sentimento de exclusividade, de dependência, e toda a sua geração o recusava
igualmente. Deambulei entre eles como uma espécie de monstro pré-histórico com
as minhas imbecilidades românticas, os meus apegos, as minhas ligações. Para
Esther, como para quase todas as jovens da sua geração, a sexualidade não passava de
um divertimento agradável, guiado pela sedução e pelo erotismo, que não
implicava nenhum compromisso sentimental especial; o amor nunca fora com
certeza mais, como a compaixão para Nietzsche, do que uma ficção inventada
pelos fracos para culpabilizar os fortes, para introduzir limitações à sua
liberdade e à sua ferocidade naturais.
in, A possibilidade de uma ilha
Em verdade, ao amarmos ajudamos a resolver o problema da solidão humana. "Não é bom que o homem esteja só" - dizia Deus. É só pena que essa compaixão, tão bela, nos seja tão difícil. A imagem tem o nome 'Caravan' de Remedios Varo.
Sem comentários:
Enviar um comentário