Ernesto Sampaio



      O amor é o único mito de pura exaltação que a humanidade conheceu. O único que parte do coração do desejo e visa a sua satisfação total. O único grito de angústia capaz de se metamorfosear em canto de alegria. Com o amor, o maravilhoso perde o carácter sobrenatural, extraterrestre ou celeste que possui em todos os mitos, regressando de algum modo à sua origem para se inscrever nos limites da existência humana.
      Dando corpo às aspirações primordiais do indivíduo, o amor oferece uma via de transmutações que culmina no acordo da carne e do espírito, tendente a fundi-los numa unidade superior. O desejo, no amor, longe de perder de vista o ser da carne que lhe deu origem, sublima o seu objecto numa espécie de sexualização do universo que restabelece no homem uma coesão anteriormente inexistente.
      O amor não admite a menor restrição: tudo ou nada, sendo o tudo a vida e o nada a morte.

       in, Fernanda

       Que fendas as da imagem?

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