Deixei
na Primavera o cheiro a cravo,
rosa e quimera que me encravam
na memória que inventei.
E andei
como quem espera pelo fracasso
contra mazela em corpo de aço
nas ruelas do desdém.
E a mim que importa
se é bem ou mal
se me falha a cor da chama a vida toda
é-me igual
Vim sem volta
queira eu ou não
que me calhe a vida insana e vá sem boda
até ao Verão.
Deixei
na Primavera o som do encanto
risa promessa e sono santo
já não sei o que é dormir bem
E andei
pelas favelas do que eu faço
ora tropeço em erros crassos
ora esqueço onde errei.
Letra e melodia de Márcia Santos
Márcia Santos traz ar fresco à música portuguesa. As suas melodias têm a beleza simples que nos alegra a alma e os textos são coerentes. Estudante de pintura, e preocupada com a sua geração e o seu país, oferece aqui a Ana Moura um fado sobre a dificuldade de amadurecer.
1 comentário:
Lindíssimas, poesia e melodia.
Lindíssima Ana Moura.
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