Ana Moura - Até ao Verão


Deixei 
na Primavera o cheiro a cravo,
rosa e quimera que me encravam 
na memória que inventei.

E andei
como quem espera pelo fracasso
contra mazela em corpo de aço
nas ruelas do desdém.

E a mim que importa
se é bem ou mal
se me falha a cor da chama a vida toda
é-me igual

Vim sem volta
queira eu ou não
que me calhe a vida insana e vá sem boda
até ao Verão.

Deixei 
na Primavera o som do encanto
risa promessa e sono santo
já não sei o que é dormir bem

E andei 
pelas favelas do que eu faço
ora tropeço em erros crassos
ora esqueço onde errei.

Letra e melodia de Márcia Santos


    Márcia Santos traz ar fresco à música portuguesa. As suas melodias têm a beleza simples que nos alegra a alma e os textos são coerentes. Estudante de pintura, e preocupada com a sua geração e o seu país, oferece aqui a Ana Moura um fado sobre a dificuldade de amadurecer.

1 comentário:

Alfredo Rangel disse...

Lindíssimas, poesia e melodia.
Lindíssima Ana Moura.

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