Pelo
silêncio na planície pela tranquilidade em tua voz
pelos
teus olhos verdes estelares pelo teu corpo líquido de bruma
pelo
direito de seguir de mão dadas na solidão nocturna
lutaremos
meu amor.
Pela
infância que fomos pelo jardim escondido que não teve o nosso amor
pelo
pão que nos recusam pela liberdade sem fronteiras
pelas
manhãs de sol sem mácula de grades
lutaremos
meu amor.
Pela
dádiva mútua da nossa carne mártir
pela
alegria em teu sorriso claro pelo teu sonho imaterial
pela
cidade escravizada pela doçura de um beijo à despedida
lutaremos
meu amor.
Pelos
meninos tristes suburbanos
contra
o peso da angústia contra o medo
contra
a seta de fogo traiçoeira
cravada
em nosso doce coração aberto
lutaremos
meu amor.
Na
aparência sozinhos multidão na verdade
lutaremos meu amor, lutaremos meu amor.
A figura feminina, idealizada companheira de luta e de vida,
aparece sob a designação "Amor", de contornos indefinidos, etérea, inatingível,
fugidia, como um sonho que se esbate e se persegue sem nunca se alcançar. Os
olhos são estelares, o corpo é líquido de bruma, o sorriso é claro, o sonho,
imaterial. O poema, na sua simplicidade bela, quase se resume à ideia de uma
luta pelas coisas bonitas da vida contra o seu lado feio: a tristeza, a fome, o
medo, a violência, a angústia.
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