Federico Gallego Ripoll - Son los pájaros

 


São os pássaros que fazem erguer o dia para o cego.

Ouve-se a luz que pende das árvores

e um pulsar de sangue acelerado que acumula nos tímpanos

os latejos furtados à noite.


Amanhece.


Mornas gotas de azul salpicam de manhã

o para-brisas dos carros.

Alguém, por engano,

abriu o guarda-chuva a pensar que chove.


      O poema constrói uma meditação sensorial sobre o tempo e a memória a partir do canto dos pássaros. A natureza funciona como detonador da consciência: o som rompe o silêncio interior e convoca lembranças, perdas e expectativas. Os pássaros simbolizam liberdade e transitoriedade, enquanto a escuta revela uma atitude contemplativa. Assim, o eu lírico encontra no instante vivido uma forma frágil, mas intensa, de sentido existencial e poética.


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