Há
quem toque na toalha, não na mesa,
no
copo, mas não na água.
Quem
pise muitas terras,
jamais
a sua.
Mas
perante este olhar que passou
e
fundo me feriu com a sua limpa quietude
com
tal singeleza emocionada
que
me deixa e me dá
alegria
e assombro
e
sobretudo realidade,
fico-me
vencido e vejo, vejo e sei.
o
que se espera, que é aquilo que se sonha.
Desgosto
de saber nestes olhos
tão
passageiros, e não nos lábios,
porque
os lábios roubam
e os
olhos imploram.
Foi-se.
Quando
tudo se for, quando eu me for também,
ficará
este olhar
que
pediu, e deu, sem tempo.
O poema explora a perceção sensorial como via de revelação. A
contemplação não é passiva: é dinâmica, feita de movimento interior e abertura
ao real. A linguagem evidencia a fusão entre sujeito e mundo, onde cada detalhe
cotidiano adquire intensidade simbólica. O eu lírico busca uma verdade que
nasce do contraste entre lucidez e assombro, mostrando que o conhecimento
poético emerge da experiência vivida. A luz, recorrente na obra do autor,
funciona como metáfora de clareza espiritual. Assim, o poema celebra a
transcendência possível no simples ato de olhar plenamente.

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