Alejandro Céspedes - Resta um fio

 


resta um fio


esse que com uma linha tudo separa

esse que com uma linha tudo une


o facto singular e sem importância de não o veres não significa que não exista ou não esteja aqui à espreita, de algum lugar desta página em branco, preparado e ansioso por saltar à tua cegueira


alguém que julga saber onde achá-lo

finge que sabe como enforcar-se


      O poema articula a fragilidade da existência através da metáfora de um fio que sustenta a identidade diante da perda e da memória. O poema explora a tensão entre o que permanece e o que se desfaz, revelando uma voz que tenta preservar vestígios de si perante o desgaste emocional. A linguagem contida e imagética reforça a sensação de desamparo, enquanto o fio simboliza resistência mínima, mas vital, contra o esquecimento e a dissolução interior.


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