resta um fio
esse que com uma linha tudo separa
esse que com uma linha tudo une
o facto singular e sem importância de não o veres não
significa que não exista ou não esteja aqui à espreita, de algum lugar desta
página em branco, preparado e ansioso por saltar à tua cegueira
alguém que julga saber onde achá-lo
finge que sabe como enforcar-se
O poema articula a fragilidade da existência através da
metáfora de um fio que sustenta a identidade diante da perda e da memória. O
poema explora a tensão entre o que permanece e o que se desfaz, revelando uma
voz que tenta preservar vestígios de si perante o desgaste emocional. A
linguagem contida e imagética reforça a sensação de desamparo, enquanto o fio
simboliza resistência mínima, mas vital, contra o esquecimento e a dissolução
interior.

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