Se
partires, não me abraces - a falésia que se encosta
uma
vez ao ombro do mar quer ser barco para sempre
e
sonha com viagens na pele salgada das ondas.
Quando
me abraças, pulsa nas minhas veias a convulsão
das
marés e uma canção desprende-se da espiral dos búzios;
mas
o meu sorriso tem o tamanho do medo de te perder,
porque
o ar que respiras junto de mim é como um vento
a
corrigir a rota do navio. Se partires, não me abraces –
o
teu perfume preso á minha roupa é um lento veneno
nos
dias sem ninguém - longe de ti, o corpo não faz
senão
enumerar as próprias feridas (como a falésia conta
as
embarcações perdidas nos gritos do mar); e o rosto
espia
os espelhos à espera de que a dor desapareça.
Se
me abraçares, não partas.
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