1
Cobre-nos,
neve, com teu silêncio
faz-nos
mudos
põe
as estrelas no traço obsceno
dos
pneus, vela as engrenagens
pousa
devagar sobre os detritos, não deixes
de
cobrir as chagas
abafa
a blasfémia o riso
o
vómito do mundo
branca
luz brilhando sobre a sebe
que
nos faz claros contra o vidro
olhando
nosso puro irmão,
o
pássaro.
2
Terá
ela conhecido infância, esta mulher
cheia
de vinho
que
procura o isqueiro debaixo da mesa?
E o
homem de costas que divaga
sentado
no banco com uma cerveja preta
gesticulando
entre fantasmas
habitados
pelo vento?
Cobre,
neve, com tuas flores piedosas
as
feridas dos homens desiludidos
cobre
a ceifa dos seus sonhos
neste bar onde se finge viver.
A neve é associada à pureza, porque é branca e fresca, como
se estivesse livre de imperfeições. Simboliza a morte ou o fim de um ciclo, já
que muitas vezes cai em climas frios e é associada ao inverno antes do renascimento da primavera. Como derrete com o calor, também pode simbolizar a
transitoriedade da vida, as mudanças inevitáveis e a impermanência das coisas.
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