Chegam
cedo demais, quando ainda não podem escolher
nem
decidir. Vêm carregados de espectros, de memórias
e de
feridas que não souberam sarar; mas trazem a confiança
da
cura nas palavras. Convencem-se de que amam outra vez
quando
nos tocam os pequenos lugares, esquecendo-se do rumo
incerto
dos seus passos nas estradas tortuosas que os
trouxeram.
Abafam-se num cobertor de mentiras sem saber e
falam
de injustiça quando tentamos chamá-los à verdade.
Dormem
de vez em quando nas nossas camas e protegemo-los
da
dor como aos filhos que não iremos ter nunca
porque
não nos resignamos a perdê-los. E, um dia, partem, vão
culpados,
não chegam a explicar o que os arrasta. Escrevem
cartas
mais tarde - uma ou duas para se aliviarem dessa espada.
E
nós ficamos, eternamente, sem vergonha, à espera que regressem.
Um poema cheio de beleza e iluminação. O que sugerem os versos? Os refugiados ucranianos que vieram para Portugal? Os outros? Regressam e não regressam. Não, não sei.
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