Talvez
não exista o tempo – assim dizem alguns.
O
presente contém, acaso, todo
o
futuro que aguarda e o passado
onde
nós fomos outros. Assim dizem.
O
tempo, para mim, que sei que as palavras
são
um jogo qualquer para passar o tempo,
é
feito de caras desconhecidas
em
cais, e de luas de espelhos
onde
se deteve o meu fantasma,
de
mentiras que não distingo já da verdade,
da
dor antiga, que não hei-de aqui nomear,
os
que amei e perdi, pelo barranco abaixo,
confusão
e derrota, névoa e ruído.
O
tempo é o que eu invento para escapar a tempo.
Não
sei como há quem pense que o tempo não é real
(alguns
inventam mesmo um absurdo demónio
a
quem acabam por dar a alma).
O
tempo não é um sonho, e a demonstrá-lo
aqui
está o próprio tempo, que converte
estas
palavras e quem as pronuncia
em
carne de um olvido sem remédio.
Do blogue Rua das Pretas, tradução de A.M.
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