Ah e quê? Ah então? Ah porquê?
Que algo se perde na nossa tradução?
Ah e quê? Ah então? Ah porquê?
Dizes que não tens qualquer sotaque, isto não é
um ataque, mas tens falta de noção
E depois dizes "para não ser de supresa eu tufono-te às dezóito pa marcar a runião"
Olha quem fala, tu dizes "à minha beira", com
pronúncia da Ribeira quando estás ao pé de mim
Dizes pega em vez de toma, dizes bufa em vez de
sopra, "olha a Iana", "gola ialta" e coisa assim.
Imperial
é fino, ténis é sapatilha
Bica é
cimbalino e “chicla” é pastilha
Aloquete
é cadeado e capuz, carapuço
Estrugido
é refogado, chapéu de chuva é chuço
Se
trolha é pedreiro, bueiro é sarjeta
Sertã é
frigideira e cabide é cruzeta
Já tu dizes "são quaise treuze" e já ouvi várias vezes "tira o téni do sófá"
O lisboeta come letras, tira o U pra dizer
"pôco", diz "óviste?" "é muita lôco", assim não dá!
Tretas, pra ti mãe tem cinco letras, dizer "cumo" é o cúmulo e tu sabes que assim é
Tu dizes testo e eu tampa, eu digo coxo e tu
manco e quando dizes tótil, eu bué.
Contigo "tão" vira "tom", contigo "são" vira "som" e depois "bom" vira "bão"
Para mim o V vira B, p’ra ti “Lesboa” é com E,
"oube" lá e então?
Ouve, não sou eu que falo torto, toda a gente
me entende, não é meu o defeito!
Se eu falo à Porto é meu direito e se o teu
ouvido é mouco, o meu sotaque é perfeito!
Se digo "fala bem", é pra tu seres meiguinha
Como eu sou também, no meu jeito alfacinha!
E quando eu digo "bem" eu 'tou t’a dizer pra "bires"
Eu até te falo bem só é pena não me ouvires!
Muito "bão"!
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