Joaquim Manuel Magalhães

 


Vai chegar a manhã. 

A luz treme nos arbustos.

Algas, seixos, limos guiam pelas fragas

a água sem fundura, o ardor levantino do anil.


Ouves correr poalhas de bruma?

Silêncios do vento que renasce?


Seguro na mão que não seguras:

uma lâmina de fogo, um erro de árvores e olhas-me.


Pouso os lábios no teu pulso para sentir o coração.

É tão perigoso ser feliz.


   in, Uma luz com um toldo vermelho


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