Manuel Resende - Sai de casa

 


Rasga este poema depois de o leres.

E depois espalha os bocados

pelo vasto mundo

ou então na tua rua, vai à aldeia, à praia,

atira-o ao mar, deita-o ao lixo,

para que venha o vento, o sol, a chuva, os homens do lixo,

acabar com ele de vez.

Passado um dia,

sai de casa e procura

encontrá-lo de novo.


      Poeta do Porto, com sotaque do lugar, falecido em 2020. Um homem que ao comer uma cereja sentia que queria comer todas as cerejas do mundo. O poema desconstrói-se e renasce na necessidade de viver. 


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