Eugénio de Andrade


Ainda esta poeira sobre o coração

queria que chovesse sobre os ulmeiros

sair limpo desses olhos

da luz que se demora a polir os seixos


A corrosiva música das vogais que te devora

o silêncio do muro

às vezes quase azul

o verão afinal onde o ar é mais duro


in, Limiar dos Pássaros, 1976


      É tão bonito o verso "sair limpo desses olhos da luz que se demora a polir os seixos".


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