José Almada -- Vento Irado

 


Sacodem-me o pensamento, os silvos do vento irado que à porta está batendo

E como um cedro roído quando abate em silêncio, minha alma está sofrendo

Vento vento gelado trazes no fel do passado a taça que vou bebendo.


Arrepiam-se os caminhos fogem dos lobos daninhos, minha alma está sofrendo

E uivando à minha porta, acordam minha alma morta dos mundos que fui esquecendo

Vento vento vai-te embora, não vistas meu corpo agora, minha alma está sofrendo.


Sacodem-me o pensamento, os silvos do vento irado que à porta está batendo

E como um cedro roído quando abate em silêncio, minha alma está sofrendo.


       Música e letra de José Almada, LP "Homenagem", 1970

      É seguramente a canção mais triste de toda a música portuguesa. É a resposta ao Blowing in the Wind de Bob Dylan. Ao sentir a condição humana, o que se passa em Gaza e na Ucrânia com a nossa impotência, o apetecer chorar, o apetecer fugir. Se por vezes caminhámos da barbárie para a civilização, mantemos um muito antigo apetite de regressar da civilização para a barbárie. Somos umas bestas.   


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