Derek Walcott - Amor depois do amor

 


Chegará o tempo

em que, com alegria,

te saudarás a ti mesmo ao tocares

à tua porta, ao olhares-te no espelho,

e cada um dará ao outro as boas-vindas com um sorriso,


e dirás, senta-te aqui e come.

Amarás de novo o estranho que há em ti.

Oferece-lhe vinho. E pão. Devolve o teu coração,

ao estranho que te amou


toda a tua vida, aquele a quem trocaste

por outro, aquele para quem não tens segredos.

Varre as cartas de amor da estante,


as fotografias, os bilhetes desesperados.

Arranca a pele à tua imagem no espelho.

Senta-te. Festeja contigo a tua vida.


Trad. Jorge Sousa Braga


      Nunca vivi com o ‘outro’ do poema. É certo que é recorrente (Bob Dylan usou a estratégia em algumas canções. William Wordsworth, W. H. Auden e outros em poemas), mas a luta é mais entre o cérebro e o coração. Pensar e sentir nem sempre estão de acordo e, a resolução em cada caso é complexa. Há momentos, quando o coração ganha, humilha o cérebro e vice-versa. É preciso arriscar e é preciso ter sorte. Foi assim, que eu fiquei rico.


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