Reciclando o "Soneto XVII" de Pablo Neruda
Não
te amo como se fosses um desses raros metais terrestres,
ou
um diamante de sangue, ou uma reserva de crude
que
origina guerras. Amo-te como se ama as espécies mais
vulneráveis:
com urgência, entre o espaço vital e a sua destruição.
Amo-te
como se ama a última semente guardada
num
cofre, a que gera a herança das nossas raízes
e,
graças ao teu corpo, o sabor que amadurece
nos
seus frutos continua vivo e doce na minha língua.
Amo-te
sem saber como ou quando vai acabar
este
mundo. Amo-te organicamente, sem pesticidas.
Amo-te
assim porque só poderemos sobreviver
no
composto rico em nitrogénio do nosso enlace,
tão
unidos que as tuas emissões de carbono são minhas,
tão
juntos que o nível do teu mar subirá por causa do meu calor.
I don’t love you as if you were rare
earth metals,
conflict diamonds, or reserves of
crude oil that cause
war. I love you as one loves the most
vulnerable
species: urgently, between the
habitat and its loss.
I love you as one loves the last seed
saved
within a vault, gestating the
heritage of our roots,
and thanks to your body, the taste
that ripens
from its fruit still lives sweetly on
my tongue.
I love you without knowing how or
when this world
will end. I love you organically,
without pesticides.
I love you like this because we’ll
only survive
in the nitrogen rich compost of our
embrace,
so close that your emissions of
carbon are mine,
so close that your sea rises with my
heat.
A tradução de Love in a
Time of Climate Change foi criada pelo blogue, Do trapézio, sem rede.
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