António Gedeão - Um Sorriso para Cibele

 

Aqui não há nada, Cibele,

a não ser uma alameda estreita

com renques de flores à esquerda e à direita.


As flores são daquelas de que eu não gosto, Cibele.

Pretensiosas.

Zínias, dálias, crisântemos, margaridas e rosas.


As flores de que eu gosto

são das que ninguém planta nem semeia,

Daquelas que a gente passa e diz:

«Olhe, faz-me favor.

sabe-me dizer como se chama esta flor?»


Não gosto delas, não,

Mas à falta de melhor, Cibele,

É nelas que cevo a minha solidão.


Todas as manhãs,

quando aqui passo para as ver,

acaricio-as à flor da pele

e balbucio as palavras

que ficaram por dizer.


Assim se vai passando o tempo, Cibele.

 

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