Miguel de Carvalho - Da cumplicidade

 

                         

há janelas atrás dos gatos

e outras

são narrativas das nossas mentes

 

há narrativas que julgamos

serem a verdade de outras janelas

onde se vê passar o silêncio

 

mas os silêncios

são cúmplices e conjugam-se

nos sentidos mais felinos em que só o homem confia

 

espelhadas e saqueadas ficam

pelos movimentos das janelas vizinhas

mas o que fica

é o poema de um gato negro à janela.


      O quotidiano oferece variados momentos poéticos, que ao entrarem nos sentidos deixam de ser momentos para serem poesia. O poeta, a caneta e o papel apenas os eternizam.


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