Eugénio de Andrade

 


Somos folhas breves onde dormem

aves de silêncio e solidão.

 

Somos só folhas ou o seu rumor.

Inseguros, incapazes de ser flor,

até a brisa nos perturba e faz tremer.

 

Por isso a cada gesto que fazemos

cada ave se transforma noutro ser.


      Não é bem assim Sr. Eugénio. As aves passam junto ás nossas janelas e redopiam, redopiam. Parecem livres e seduzem-nos até abrirmos a portada. Ao sentirem a oportunidade, entram e redopiam devagar até caírem mortas dentro de nós.


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