Não há devassidão maior que o pensamento.
Essa diabrura prolifera como erva daninha
num canteiro demarcado para margaridas.
Para aqueles que pensam, nada é sagrado.
A ousadia de chamar as coisas pelos nomes,
a dissolução da análise, a impudicícia da síntese,
a perseguição selvagem e debochada dos factos nus,
o tactear indecente de temas delicados,
a desova das ideias – é disso que eles gostam.
À luz do dia ou na escuridão da noite
juntam-se aos pares, triângulos e círculos.
Pouco importa ali o sexo e a idade dos parceiros.
Preferem o sabor de outros frutos
da árvore proibida do conhecimento
do que os traseiros rosados das revistas ilustradas,
toda essa pornografia na verdade simplória.
É chocante em que posições,
com que escandalosa simplicidade
um intelecto emprenha o outro!
Tais posições nem o Kamasutra conhece.
É preferível contemplar do que refletir, mas pode ser perigoso.
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