Pedro Mexia

 


Aqui estamos, atravessando

sem saber o nosso destino,

à espera que o próprio caminho

o torne evidente (mas não),

somos todos assim metropolitanos (urbanos),

saímos na estação errada,

lemos cabeçalhos, vemos o envelhecimento

nos rostos que connosco através

de túneis dantescos (cliché),

e pensamos (ou dizemos agora que pensámos)

que há um plano que nos ultrapassa (rodoviário),

um plano (subterrâneo)

de linhas que se cruzam com as linhas

da mão, interceptadas em cores

e com o guarda-roupa do nosso

tempo (capitalismo tardio),

atravessamos (atrasados), sob o sol

que imaginamos em cima (platónico),

interrompidos pelo parêntesis irónico

da consciência que talvez queira fazer

a diferença mas não faz nada (nada).


      A vida é uma combinação de destino e livre-arbítrio. A chuva é o destino, a possibilidade de se molhar ou não é escolha nossa.

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