O ser amado não
precisa viver. O ser amado
vive na cabeça. O tear
é para os pretendentes, suspenso
como uma harpa de brancos filamentos.
Ele era duas pessoas.
Era corpo e voz, o fácil
magnetismo de um homem vivo, e então
o sonho revelado ou a imagem
formada pela mulher manejando o tear,
ali sentada num salão cheio
de homens de mentes literais.
Se te causa pena
o mar enganado que tentou
levá-lo para sempre
e devolveu apenas o primeiro,
o verdadeiro marido, deverias
sentir pena desses homens: eles não sabem
para o que estão a olhar;
eles não sabem que quando alguém ama dessa maneira
o manto se torna um vestido de casamento.
The beloved doesn’t
need to live. The beloved
lives in the head. The loom
is for the suitors, strung up
like a harp with white shroud-thread.
He was two people.
He was the body and the voice, the easy
magnetism of a living man, and then
the unfolding dream or image
shaped by the woman working the loom,
sitting there in a hall filled
with literal-minded men.
As you pity
the deceived sea that tried
to take him away forever
and took only the first,
the actual husband, you must
pity these men: they don’t know
what they’re looking at;
they don’t know that when one loves this way
the shroud becomes a wedding dress.
O ser que é amado já resolveu o humano
mal maior que é a solidão. E se ele também amar - esse dever de gratidão a quem
nos ama -, não precisa de mais nada nem de mais ninguém.
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