Ao regressar a Ítaca passado vinte anos,
vestido com roupas de mendigo,
Ulisses limpou uma lágrima.
Argos, cheio de pulgas,
estendido no esterco,
ergueu a cabeça e as orelhas.
Foi o único que reconheceu o dono.
Assim sucede a nós humanos,
frente à beleza, nunca fácil,
nunca benigna,
frente à perfeição camuflada e faminta.
Como o cão de Ulisses
só alguns ladramos frente a ela
e mexemos o rabo.
Vinte anos à espera do dono
e pouco depois morreu, Argos.
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