na
gaveta da alma de mais fácil acesso
e sempre
aberta – não pode ter morrido.
Para
facilitar, digamos que emigrou
com
juras de algum dia regressar,
voltar a
ver o rio, afagá-lo
como se
afagam as cãs de um velho pai.
Felizmente
para nós,
não pôde
levar na mala breve
os seus
papéis, os seus livros, a viola
que
dedilhava em pensamento
e nos
fazia dedilhar a nós.
De modo
que, enquanto não regressa,
a sua
voz continua a nosso lado,
indicando
caminhos, desbravando
matagais
que ocultam a esperança.
in,
Gaveta do fundo
Este poema de um óptimo escritor
transmontano, lembra-me o meu pai, que gostava do cultivo da vinha e que um dia
tocou guitarra para mim.
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